SHOW DE DANTE RAMON LEDESMA ENCERRARÁ A II CONVENÇÃO NATIVISTA DE JULIO DE CASTILHOS

Dante Ramon Ledesma por Nico Fagundes

Quando Dante Ledesma rasqueia no violão com aquela batida característica, faz-se imediatamente um silêncio. Então ele começa a falar: "eu gosto que todos ouçam o meu canto, mas eu gosto mais de cantar para o peão de estância, para os pobres da cidade grande, para as mães que perderam os seus filhos no terror do Estado... Quando canto para os poderosos é para que eles ouçam a voz dos humildes..." E aí começa a cantar. O silencio é tão pesado que se pode cortar com uma faca.Naquele castelhano, se fundem todas as vozes da terra gaúcha, do pampa à cordilheira. No bojo da guitarra do Dante Ramon Ledesma se ouve o troar dos cascos de cavalos guerreiros em cargas alucinantes, o bramar do puma, o estrídulo da águia moura, o tapa do jaguaretê. Mas se ouve também o sussurro das águas dos rios, o canto das aves campeiras, a voz do vento. Nessa hora, pode reboar na platéia o grito: "Che Coman Dante! Che Coman Dante!".Dante Ramon Ledesma nasceu em Río Cuarto, na província de Córdoba, Argentina. Jovem integrante da ONG Carismáticos, de origem católica, venceu no famoso festival de Cosquin na categoria juvenil com a canção Memória del Che. Dante começava a aparecer no canto argentino, mas aí o governo militar achou que os Carismáticos eram subversivos, e o jovem cantor mudou de ares, vindo para o Rio Grande do Sul, que ele ama demais: "O que eu sou, devo ao Rio Grande do Sul!" Não é bem assim, o que ele é deve ao próprio talento. Aqui ele casou com a Norma, que lhe deu o filho Maximiliano, bom cantor e excelente no bombo legüero. Dante já gravou 19 CDs e três DVDs. Ele não tem planos definidos para o futuro, a não ser continuar cantando as coisas simples da terra e a alma autêntica de seu povo. Sim, o seu povo, porque Dante Ramon Ledesma em breve receberá a cidadania brasileira. Quando chegou ao Rio Grande do Sul, em 1978, depois de completar o curso de Sociologia na Universidade de Córdoba, pegou o primeiro trabalho que apareceu. Botou o violão debaixo do braço e foi viajar pelo Rio Grande vendendo enciclopédias. E cantando, claro. Foi assim que um dia surgiu no Alegrete, onde conheceu os Fagundes, quando começou uma amizade que não terminará jamais. Foi longe aquele antigo vendedor de enciclopédias. E irá mais longe ainda, porque nasceu com asas de condor.
Fonte: Coluna do Nico Fagundes em ZH

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